Percebe-se que alguma coisa
mudou, mas também que pela mudança muito faz doer. Indiferença. Inconsciência.
Insensibilidade. Perda da confiança, das piores atrocidades que o ser humano
pode cometer. Mas o que pode ser pior para se sentir, conscientemente são, do
que a culpa?
Pois bem, é turbulento.
Inevitável.
Fazemo-nos surdos, cegos e
loucos, talvez amenize o que se sente.
Iremos até onde for possível,
passaremos por obstáculos inimagináveis, para no fim descobrirmos ser insuficiente.
Destino já traçado não tem dó de quem o alcança.
Abandono de si, falta de amor,
martírio interior, o que encontras em tudo isso? Nada, não é mesmo? Ainda
assim, continuas.
Não te farás insolente diante dos
ultimatos impostos, te farás duro e mesmo inefável. Obedece teus donos, de
fato, sendo tu será bem pior, mas contarias com a coragem.
Haverá de ter esquecido o
destino... Lembra-te quando estiver já em fado, na “felicidade”, se existir,
que destinos não vêm prontos, nós o fazemos, tu o fizeste.
O pensamento está a mil, não é?
Queres saber do que se trata, não?
Sim, é o que pensas! Agora pensas
mais, pare um instante e me imagine a questionar-te:
- Criatura, o que queres da vida?
Quem és tu inteiramente?
Torno a dizer-te que nada sabes
do que és, e digo-te também que eu não fugiria nem renunciaria a mim, pois
todos um dia procurarão a si mesmo. E não menos tu, pois ciente estás do que se
passa aí por dentro.
Nem remorso e nem paz me instigam
por agora, mas a falta e o correspondente inalcançável.
De imediato, ainda não sabes o
que debruço a teu pensar, mas o que pedir do que não daria? O que sentir do que
sentiria?
Estou a fazer-te perguntas em
demasia? Agonizo teu ser?
Não chega a tanto, não? Nem se
fosse...
(...) ora pois, uma quase
confissão, não te surpreenda, já não é de surpreender o que quase sempre é
nunca com o nada que o ronda em tudo. E não aches complicado o que te implica
no real, na realidade tuas fantasias são bem mais complexas, e sendo,
aprecia-as no mais.
Achas, por agora, teus pensamentos
perturbadamente agonizantes?
Não, intrigantes seria bem melhor
empregado em teu contexto pensante.
Esperas que as palavras bem aqui
te sejam mais explícitas, saiba que não o farei, sabes bem do que trato, por
prelúdio, não finjas nem a mim e nem a ti. Peço que ao término releia, e
procures entender pelo que achas ser, garantia de melhor entendimento.
Como te envolvi a ler até aqui?
Não sei.
Não agonizarei tua consciência,
jamais faria isso (e descubro por tentar), não faria em ti o que me faço,
embora mereças por me levar (trazer) ao ponto de escrever tal (des) envoltura.
Por fim, credes.
Aqui já estás, porém torno a
querer saber, senão este, irias comigo até outro fim?