" julho 2012 / da estante

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Verte-se o horizonte aqui


O horizonte tomou escuro, o futuro
Resplandecendo as luzes por agora
Retirando o turvo, o obscuro
Após a noite transcendendo alguma aurora.

Acolhendo em abandono, não triste

O seu peito ensurdecendo a voz
Abordando um verso antigo, em riste
de pasma virtude, algoz.
Um tédio colosso, piongo, esmo...
Um mundo musgo, visto inverso, velho...Vesgo.
Esperando uma mescla recordação, meses
Frutos frustrando na estação.

No sol-espírito donde aqui se vê,

Ouve-se o coro de querubins a espairecer.
Ludibriando amargas esperas
Invadindo juntos celestes esferas
Como o céu, que canta um infinito, o Pégaso
o ocaso, eclipse, saudade, grito, raso.

E os atrozes medos vorazes

vão perdendo o segredo aturdido.
Como voos velozes das aves
que cantam em terno alarido
O orgulho que encara a sensação
e engasga a tremenda exortação.
Outrora os sonhos haverão de ressurgir
como o tal horizonte que se verte por aqui.




domingo, 8 de julho de 2012

Oxigênio


Não conseguia entender o que você sussurrava, eram só murmúrios. Eram ruídos que esmagavam nuvens e movimentos de luz. Nos olhares eu podia ver mais. O êxtase permaneceu e ofusca os sonhos em que te compreendo às divindades. E o castigo supremo subtraía o cortejo. A liberdade cheia e encolhida. Que me arrancava sorrisos. Ainda habitas algum ser. À bela arte, a pele, a face. Feita de lã. Surgia onde ninguém a via. Afastava indecisões e invadia prostração. Balbuciaste em mim nossa oração, e diferentemente, sem dor, sem culpa, sem desespero. Deste-me a aurora e caí em vedação. Mas quando dei-te as costas, em aniquilamento, sem fulgor, o tomento me acenou. Abriu-se o pavor de ser só eu. Perdi o aroma das flores que em ti era ar puro. Fiquei numa estrada deserta, sem sentido, sentindo. Olhando algum horizonte, só.
© da estante
Maira Gall