" Oxigênio / da estante

domingo, 8 de julho de 2012

Oxigênio


Não conseguia entender o que você sussurrava, eram só murmúrios. Eram ruídos que esmagavam nuvens e movimentos de luz. Nos olhares eu podia ver mais. O êxtase permaneceu e ofusca os sonhos em que te compreendo às divindades. E o castigo supremo subtraía o cortejo. A liberdade cheia e encolhida. Que me arrancava sorrisos. Ainda habitas algum ser. À bela arte, a pele, a face. Feita de lã. Surgia onde ninguém a via. Afastava indecisões e invadia prostração. Balbuciaste em mim nossa oração, e diferentemente, sem dor, sem culpa, sem desespero. Deste-me a aurora e caí em vedação. Mas quando dei-te as costas, em aniquilamento, sem fulgor, o tomento me acenou. Abriu-se o pavor de ser só eu. Perdi o aroma das flores que em ti era ar puro. Fiquei numa estrada deserta, sem sentido, sentindo. Olhando algum horizonte, só.

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