Percorro a casa várias vezes
sem saber onde quero chegar.
E não chego,
o que é de se esperar.
Os tempos últimos estão diferentes.
Não sei acompanhar.
Caminhos desconhecidos,
não consigo me parar.
Tenho medo da sombra que me assombra
na parede.
Tenho medo do assombro que me vem,
e da sede.
Seca lábios.
água não,
café.
Estômago não suporta
um único canapé.
Café a seco,
seco a garrafa
arrasto o pó
pelo pé.
"Estruture o texto para chamar de poesia"
diz a consciência, a um lance
de materializar-se em boa-fé.
Não tem estrutura.
Não tenho estrutura.
Respinga indecisão
como acupuntura
pela pele pura
que cura
à contrafé.
Percorro a casa várias vezes
sem saber onde quero chegar.
E não chego,
continuo a caminhar.
para preencher um lado só
Há de ser e há de se saber ser.
Há de sentir e há de não saber o que sente.
Desde que mundo é mundo.
Mudo.
Desde que mundo é só.
E só.
Desde que passo um passo.
Impasse.
Desde que passe um só.
É estreita a viela.
Redundante.
Desde que sinto um nó.
Nódoa grita.
Silêncio entala.
Aperta o peito com uma mão só.
Forte.
Una. Divisível.
Partida.
Mil pedaços.
Há de não saber o que se é.
Perdido.
Partido.
Foi-se o elo invisível, intangível.
Foi-se.
A foice desceu sem dó.
Perdida
e só.
Desde que mundo é mundo.
Mudo.
Desde que tudo é mudo.
Grita no espaço entre o silêncio
e a morada do ruído.
Ao ouvido, um sino.
Ao sentido, sentindo.
Ao adeus, meu deus!
Sem dó.
Volta ao status quo.
E só, é só, sem piedade
e sem dó.
No poema em que tudo é mudo
para preencher um lado só.
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