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quinta-feira, 10 de junho de 2010

reticências



Não me permito adormecer enquanto o sol está quente e me queima sem pudor, não vou me abrigar embaixo de árvores. Eu quero sentir todo o queimor.

Quando estiver no frio, não quero um agasalho para me proteger, opto por me transportar à geleira mais sólida que houver e me transformar nela. Quando dizem que sou fria, não sabem o que mora no mais fundo do meu interior, na minha dor insana e incontrolável. Queria poder me ajudar, mas ainda não sei, e não estou apta a receber esses conhecimentos tão sábios. Ninguém sabe. Ninguém me aparenta querer saber. Ah, se soubessem o que se passa neste âmago...

2 comentários

  1. eu quero rondar a cidade a noite e, só dormir quando amanhecer, só pro dia nascer feliz, pra todo mundo, porque pra mim quem nascerá é a noite, ela sim me conforta, em frio, em dores, em rancores e rumores. só.

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  2. Sentir a dor da noite vazia, incontrolável e fria. As reticencias da noite que me abriga, suicida. Quero nascer na noite clara dos mortais.

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Maira Gall