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terça-feira, 7 de abril de 2015

Casa vazia

Mudança. O caminhão de mudança levou os móveis embora. Deixou o rádio quebrado e a lâmpada ruim. A dúvida é: vou alugar? Nunca foi de meu agrado a ideia de alugar a casa. Aluguel não ajuda o recomeço. E o chão ainda está sujo. Pelo menos o ar está limpo. Menos pesado. Menos mentiras. Mais solidão.
Ao invés de um “Aluga-se”, prefiro um “Leve-me”. Leve-me para a leveza. Dê-me risadas das desgraças da vida. Olhe-me e enxergue-me. Dê-me a sua mão. Compartilhe um café-da-manhã e não um cartão de crédito. Respeite-me. Desculpe-me se quero menos loucura e mais tranquilidade. Ouça o meu silêncio. Faça-me companhia numa tarde chuvosa, com filmes e pipocas, livros e vinhos. Reforce-me a ideia de não submissão. Discuta uns temas loucos exalando sua sanidade, ou enlouqueça meus temas sãos numa discussão sem noção repleta de risadas. Aprofunde-se. Aprofunde-me. Multiplique-nos.
E aí, então, comprarei móveis novos. Uma lâmpada forte. Um rádio novo. Limparei o chão. O ar ainda mais leve com menos solidão. Mergulharei em sua alma. Encha-me a casa. Preencha-me.

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